Saudações do AC/DC a quem quiser rock - a não ser que deseje comprar o mais novo álbum do grupo de heavy metal australiano, "Black Ice," no iTunes, ou qualquer lugar que não seja o Wal-Mart, quando ele chegar às lojas, em 20 de outubro.
"Talvez eu seja antiquado, mas esse iTunes, Deus o abençoe, vai matar a música se não tomar cuidado", o vocalista Brian Johnson, 61 anos, disse à Reuters.
O AC/DC, formado pelos irmãos Angus e Malcolm Young em 1973, está entre os poucos grupos que se recusam a incluir sua música no popular website de download, em uma atitude que Johnson defendeu como uma tentativa de proteger o formato do álbum contra a ênfase da Internet de comprar músicas isoladas.
"Essa coisa é... um monstro", ele disse. "Isso me preocupa, e tenho certeza de que eles fazem tudo com a intenção de ganhar... o máximo de dinheiro possível. Quer dizer, com certeza não é por... amor, vamos deixar claro."
As 15 músicas de "Black Ice" estão próximas aos riffs poderosos com influência do blues que o AC/DC utilizou nos 14 álbuns anteriores, que, juntos, venderam cerca de 200 milhões de discos no mundo inteiro.
O álbum "Back in Black" - o quinto mais vendido de todos os tempos nos Estados Unidos, de acordo com a Recording Industry Association of America - se transformou em um marco do heavy metal. A faixa-título, bem como "You Shook Me All Night Long," continuam tocando nas rádios quase 30 anos depois de seu lançamento.
O álbum seguinte, "For Those About to Rock (We Salute You)", um título que brinca com a saudação dos antigos gladiadores romanos, disparou para o número 1 das paradas norte-americanas assim que lançado, e também se tornou um clássico do rock.
Depois de um intervalo de quase sete anos após "Stiff Upper Lip", de 2000, o AC/DC se reuniu para gravar "Black Ice" e Johnson lembra ter ficado arrepiado quando Angus e Malcolm levaram suas guitarras para o The Warehouse Studio em Vancouver, Canadá.
Ainda assim, o ódio de Johnson por estúdios de gravação o fez ir até o balcão de recepção, onde o produtor Brendan O'Brien montou um microfone e Johnson gravou os vocais - mais um sinal do comportamento idiossincrático na carreira cheia de histórias da banda.
Vender músicas online também é outro problema. Embora o download de músicas do iTunes para iPods e de outros sites voltados a música para players digitais tenho se tornado uma prática comum para amantes de música, isso soa desafinado para o AC/DC.
Sob seu novo contrato com a Columbia Music, da Sony, "Black Ice" será disponibilizado apenas no Wal-Mart e em suas lojas Sam's Club, bem como no site do AC/DC.
"Muitas pessoas disseram 'Cara, vocês vão pro Wal-Mart, estão se vendendo', disse Johnson.
"O Wal-Mart foi a única grande loja a estocar todos os nossos álbuns, cada um deles, e nunca se desviou do caminho, vendeu camisetas e pijamas do AC/DC para crianças, o que achamos muito legal", contou.
Fãs esgotaram as entradas para a turnê mundial do AC/DC que começa no final do mês nos Estados Unidos, e Johnson disse que estava malhando para acompanhar o ritmo do frenético Angus Young, famoso por usar um uniforme escolar no palco.
Johnson, que também participa de corridas de carro, contratou um treinador para entrar em forma e espera poder saltar para a corda embaixo do sino gigante que o AC/DC tradicionalmente abaixa no início do hino do rock "Hells Bells."
"O sino vai baixar de novo e digo a mim mesmo 'Devo pular essa altura?'", falou Johnson. "Ainda consigo fazer isso?"
Apesar do hiato da banda, a fome dos fãs pelo AC/DC continua grande, e o single mais recente do novo álbum, "Rock'n Roll Train", chegou ao número 2 da parada de rock mainstream da Billboard.
"Agora, temos crianças de 8 ou 9 anos que são fãs, e os pais deles são fãs. É bem impressionante", conta Johnson.
Ainda assim, ele foi filosófico quanto à banda lançar mais um álbum. "Vou deixar na mão dos deuses. A vida é o que é, sabe. Se você começa a planejar com muitos detalhes, ela te dá um chute no traseiro", disse.
Fonte: Whiplash!